sábado, 6 de setembro de 2014

DOCUMENTÀRIO "AO VIVO"


Entretanto, a convicção generalizada (o secreto desejo, mais propriamente...) era de que se iria presenciar um espectacular documentário, ao vivo, sobre plantas e animais exóticos. Ou (aqui a esperança era ainda mais secreta), de que se iria assistir a um cenário de ficção científica, com enredos improváveis ou impensáveis, protagonizados por "não humanos" que, mesmo sem protagonizarem nenhum enredo no sentido terreno do termo, revelariam o sentido da vida, os desígnios últimos do Deus (ou Deuses) da Criação. Era lícito imaginar fosse o que fosse: homnídeos macacoides e outros, temerosos da noite, porventura evoluídos a partir de ramos estéreis da grande árvore genealógica que, na Terra, rejeitou para fora do reino dos eleitos o nearthentalis e o cro-magnon, incapazes de olhar para dentro de si mesmos, e para fora, para o alto, e descobrir a atracção sublime das Estrelas; humanoides parentes (ou imigrados?) de gnomos, elfos, os blemmyae ressuscitados por Sheakespear, entes de pé-de-cabra, cinocéfalos que respiram fogo, ou astomi, sem boca, cheiradores de odores; bípedes com cornos ou unicornes, parcas, lobisomens, valquírias, bruxas nojentas como baratas voadoras voando em vassouras saídas da retorta dalgum alquimista em desespero de causa; querubins, semideuses menores, romanos ou gregos; deídes arqueológicas votadas ao desprezo no Egipto ou na Pérsia; tágides e sereias com que em tempos idos se recompensavam (ou se perdiam...) guerreiros e navegantes; nereides, ciclopes da Odisseia e da Eneida, serafins, diabos subalternos trabalhando por conta própria, a despontar para o pensamento abstracto e já congeminando dramas de estarrecer, na terra e no mar; criaturas outramente racionais ou infraracionais, de estruturas etéreas, quem sabe se anjos, arcanjos ou demónios às ordens de outros Deuses e de outros Destinos e - porque não? -, bichos menores ganhando foros de cidadania no panorama impar dos "sem alma". Porém, uma vez desenrolados tais acontecimentos, projectados tais cenários (ou cenários díspares, semelhantes ou dissemelhantes do que foi imaginado ou inimaginado), seria de continuar a chamar-lhes ficção científica, ou ficção tout court, olhando-os nos visores do planeta Terra?
Valia a pena esperar, que a espera era de ver o nunca visto.
 .
em A Febre do Ouro, pág 202

4 comentários:

  1. Sempre é bom esperar e descobrir, rever e investigar!

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  2. Por vezes esperar é a melhor coisa!
    r: Basta ir aqui http://www.guiato.com.br/meioambiente/blog-neutro-co2/ e isso explica como fazer.

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  3. Um video maravilhoso. Adorei

    Vale sempre a pena esperar

    Beijito da Gota

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